“O cristão em uma sociedade não cristã”, um livro escrito em 1984, mas que tem muito a falar ainda a nossa e futuras gerações sobre o que é ser “sal e luz” em nossa sociedade. Esse clássico de John Stott precisa ser (re)descoberto e trazido à mesa para conversas pastorais e discipulado nos dias de hoje (acrescentaria na sequência ou antecedendo a essa leitura seu outro clássico escrito em 1992, “O cristão contemporâneo”, para completar o pensamento de Stott nesses temas). Compartilho algumas frases para encorajá-lo nessa leitura.
“O mundo é a arena em que devemos viver e amar, testemunhar e servir, sofrer e morrer por Cristo”.
STOTT, John. O cristão em uma sociedade não cristã. Thomas Nelson Brasil, 2019, p.43.
“De um lado, a igreja é um povo “santo”, chamado para fora do mundo a fim de pertencer a Deus. De outro, é um povo “mundano”, no sentido de renunciar à sua cidadania “do outro mundo” e de ser enviado de volta ao mundo atual para testemunhar e servir.” (Ibid., p.54)
´Mais importante do que os meros números de discípulos professos são a qualidade de seu discipulado (manter os padrões de Cristo sem compromisso) e o seu emprego estratégico (conquistar posições de influência para Cristo). Nosso hábito cristão é lamentar os padrões do mundo em deterioração com um ar de desespero um tanto farisaico. Criticamos sua violência, sua desonestidade, sua imoralidade, seu desrespeito à vida humana e sua ganância materialista. “O mundo está indo por água abaixo”, dizemos balançando a cabeça. Mas a culpa é de quem? Quem é o culpado? Deixe-me dizê-lo assim: Se a casa estiver escura quando a noite cai, não faz sentido culpar a casa; é o que acontece quando o sol se põe. A pergunta que precisamos fazer é: “Onde está a luz?” Semelhantemente, quando a carne estraga e se torna intragável, não faz sentido culpar a carne; é o que acontece quando permitimos que as bactérias se multipliquem. A pergunta que precisamos fazer é: “Onde está o sal?” Da mesma forma, se a sociedade se deteriora e seus padrões entram em declínio até que ela se transforme em noite escura ou peixe podre, não faz sentido culpar a sociedade; é o que acontece quando homens e mulheres caídos são entregues a si mesmos e o egoísmo humano não é controlado. A pergunta que precisamos fazer é: “Onde está a Igreja? Por que o sal e a luz de Jesus Cristo não estão permeando e mudando nossa sociedade?” É pura hipocrisia da nossa parte levantar as sobrancelhas e os ombros ou esfregar as mãos. O Senhor Jesus nos instruiu a sermos o sal e a luz do mundo. Se abundarem escuridão e podridão, em grande parte a culpa é nossa, e precisamos assumir a responsabilidade.” (Ibid., p.84-85)
“Quando o evangelho é pregado de forma fiel e ampla, ele não só leva uma renovação radical até os indivíduos, mas produz o que Raymond Johnston chamou de “uma atmosfera antisséptica”, em que blasfêmia, egoísmo, ganância, desonestidade, imoralidade, crueldade e injustiça não florescem com tanta facilidade. Um país permeado pelo evangelho não é um solo em que as ervas daninhas conseguem arraigar-se com facilidade, muito menos florescer.” (Ibid., p.88)
“Se é verdade que Deus costuma operar por meio dos insignificantes e pequenos para realizar seus propósitos, então não há desculpa para um cristão sentir-se alienado. Bem pelo contrário: devemos deleitar-nos com o fato de que ninguém é insignificante demais para ser usado por Deus a fim de mudar o mundo.” (Ibid., p.95)
“…num mundo caído, nenhum programa político pode reivindicar ser a expressão da vontade de Deus.” (Ibid., p. 33).