Li nos últimos dias o livro “A missão cristã no mundo moderno”, escrito por John Stott (1921-2011) publicado pela primeira vez em 1975. Nesse livro ele tenta definir biblicamente cinco palavras chave para compreendermos a missão da igreja no mundo: missão, evangelismo, diálogo, salvação e conversão.
A seguir, compartilho alguns de seus pensamentos para encorajá-lo na leitura desse livro desafiador a cada um de nós:
“(…) somos enviados ao mundo, como Jesus, para servir. Pois esta é a expressão natural de nosso amor pelo próximo. Nós amamos. Nós vamos. Nós servimos. E nisso não temos (ou pelo menos não deveríamos ter) segundas intenções. De fato, falta visibilidade ao evangelho se ele for apenas pregado, e falta credibilidade se nós que o pregamos estivermos interessados apenas na alma e não no bem-estar do corpo, das situações e das comunidades das pessoas. Apesar disso, a razão para aceitarmos nossa responsabilidade social não é primariamente dar ao evangelho uma visibilidade ou uma credibilidade que de outra forma ele não teria; a razão é uma compaixão simples e descomplicada. O amor não tem necessidade de se justificar. Ele simplesmente se expressa em serviço sempre que julgar necessário.
Missão, então, não é uma palavra para tudo que a igreja faz. Dizer que ´a igreja é missão´ soa bem, mas é um exagero. A igreja é uma comunidade de adoração assim como de serviço, e, apesar de a adoração e o serviço se complementarem, não devem ser confundidos. Tampouco, como já vimos, ´missão´ cobre tudo o que Deus faz no mundo. Pois Deus, o Criador, está constantemente ativo no mundo em providência, graça comum e julgamento, diferente dos propósitos para os quais ele enviou seu Filho, seu Espírito e sua Igreja ao mundo. ´Missão´ descreve tudo que a Igreja é enviada a fazer no mundo. ´Missão´ agrega a dupla vocação de serviço da Igreja: ser ´sal da terra´ e ´luz do mundo´. Pois Cristo envia seu povo à terra para ser sal, e envia seu povo ao mundo para ser luz (Mt. 5:13-16).”
“Jesus entregou-se a si mesmo em um serviço abnegado pelos outros e seu serviço teve uma ampla variedade de formas segundo as necessidades dos homens. Certamente ele pregou, proclamando as boas novas do reino de Deus e ensinando sobre a vinda e a natureza do reino, como entrar nele e como este reino seria espalhado. Porém, ele serviu por meio de obras, assim como por palavras, e seria impossível, no ministério de Jesus, separar suas obras de suas palavras. Ele alimentou bocas famintas, lavou pés sujos, curou os enfermos, confortou os abatidos e até ressuscitou os mortos.” (p. 28)
“A (…) diferença entre regeneração e conversão é que a primeira é um trabalho instantâneo e completo de Deus, ao passo que a virada de arrependimento e fé que chamamos ‘conversão’ é mais um processo que um evento […] o nascimento é uma obra completa. Uma vez nascidos, nunca estaremos mais nascidos do que no momento em que saímos do ventre. É o mesmo com o novo nascimento. Citando John Owen novamente, a regeneração ‘não é suscetível a graus, de tal forma que um seja mais regenerado que o outro… Os homens podem ser mais ou menos santos, mais ou menos santificados; mas não podem ser mais ou menos regenerados” (p. 138)
“‘A conversão cristã […] insere as pessoas na comunidade cristã […]. A conversão cristã reúne as pessoas em uma comunidade adoradora, a comunidade doutrinária e a comunidade de serviço para todos os homens.”
… um convertido a Jesus Cristo vive no mundo tanto quanto na igreja, e tem responsabilidades com o mundo tanto quanto com a igreja […]. A conversão não deve tirar o convertido do mundo. Em vez disso, deve enviá-lo de volta a ele, a mesma pessoa no mesmo mundo, e, ainda assim, uma nova pessoa com novas convicções e novos padrões. Se a primeira ordem de Jesus foi ‘venha’, sua segunda foi ‘vá’…” (p. 145)
“Usar o Espírito Santo para justificar nossa preguiça é mais blasfêmia do que piedade.” (p. 153)
STOTT, John. A missão cristã no mundo moderno. Ed. Ultimato, 2010.
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