O enredo da salvação

Neste sábado (22/10), a partir das 10h na Comuna Batista teremos uma manhã de aprendizado com o pr. Bernardo Cho (professor do Seminário Servo de Cristo e pastor da Igreja Presbiteriana Caminho, SP), falando sobre seu livro “O enredo da salvação” (Editora Mundo Cristão).

Esse livro foi uma das minhas melhores leituras no ano passado. Com recomendações de Christopher Wright (o conheci quando ainda era reitor do All Nations College, atual diretor da Langham Partnership International, ministério que cuida do legado do rev. J. Stott); N. T. Wright (teólogo inglês e autor de diversos livros já publicados no Brasil) e de meu amigo Ziel Machado (vice-reitor do Seminário Servo de Cristo) entre outros.

Venha participar conosco. Invista esse tempo em seu crescimento no conhecimento da Palavra. Evento é gratuito.

Compartilho a seguir alguns trechos logo do início do livro para te encorajar nessa rica leitura.

“(…) à medida que comecei a estudar a Bíblia, logo percebi que o evangelho é muito mais amplo do que eu havia aprendido anteriormente. Para minha surpresa, o ´plano maravilhoso de Deus´ não é meramente para ´minha vida´, mas para o universo inteiro – o projeto divino é cósmico. Consequentemente, Deus deseja não apenas ´se relacionar comigo´, como também concretizar um propósito para toda a criação. E o mais chocante de tudo é que a história contada nas Escrituras não pula do pecado de Adão e Eva diretamente para a cruz do Calvário. Nos primeiros dois terços da Bíblia, Jesus sequer dá as caras: muito antes de Cristo nascer, há o chamado de Abraão, a formação de Israel, o governo dos reis, a pregação dos profetas, o evento do exílio – e muito mais. O próprio Jesus, quando enfim entra em cena, é condenado à morte somente depois de ter afirmado e realizado várias coisas importantes. E não podemos nos esquecer do papel crucial que o Espírito Santo desempenha na Igreja e por meio dela após a ressurreição de Jesus.

O ponto é que, se não concebermos o cerne da mensagem cristã a partir do contexto todo-abrangente do enredo bíblico, cometeremos o sério erro de reduzir o evangelho a algo menor do que ele realmente é. E, quando isso acontece, toda nossa vida fica comprometida: nossa visão de Deus se torna limitada, nossa percepção sobre nós mesmos se distorce, nossos relacionamentos perdem o norte, nossa maneira de entender a vocação cristã se empobrece, e nosso envolvimento no mundo – seja na esfera profissional, social, política, cultural, ambiental ou econômica – perde completamente o sentido.

(…) um evangelho que não contempla a totalidade da existência humana prova-se totalmente incapaz de dar coesão à realidade fragmentada ao nosso redor.

(…) Muito longe de formarem um compêndio de proposições abstratas, as Escrituras são o relato de como o Criador de todo o cosmo conduziu a história humana, entrando ele mesmo nessa história, para se revelar e redimir sua criação.

(…) conquanto a Bíblia contenha uma variedade considerável de livros em diferentes gêneros literários, ela não apenas se apresenta predominantemente na forma narrativa, como também nos conta uma história que é profundamente coerente, a despeito de seus ´altos e baixos´. Seja lá qual for o texto bíblico que estivermos lendo – um salmo, um provérbio ou uma epístola – há uma narrativa sempre implícita.

(…) o senhorio de Cristo toca cada canto do cosmo criado por Deus.”

(CHO, Bernardo. O enredo da salvação. Ed. Mundo Cristão, 2021, pp.18-19,22)

Por que se enfurecem as nações

Estou lendo e aprendendo muito com o livro “Por que enfurecem as nações: reflexões sobre fé e política em tempos de polarização”, escrito pelo pelo pastor americano Jonathan Leeman, doutor em teologia e política, mestre em teoria política e diretor editorial do ministério 9Marks, além de ser presbítero na Cheverly Baptist Church, em Washington, DC.

Pulicado pela Thomas Nelson Brasil, esse livro trata com muito cuidado um tema atual e nos convida a uma reflexão profunda, ampla e necessária sobre o tema. Leeman já tem diversos livros publicados em português com temas mais voltados a eclesiologia, mas gostaria de destacar algumas frases, apenas do primeiro capítulo desse novo livro, para encorajá-lo nesta leitura.

“Igreja e Estado são instituições distintas providas por Deus e devem permanecer separadas. Toda igreja, porém, é uma organização política em todos os aspectos. E todo governo é um campo de batalha entre deuses, de modo a ser profundamente religioso. Ninguém separa sua política da sua religião, seja cristão, agnóstico, ou um progressista secularizado. Isso é impossível.”

(LEEMAN, Jonathan. “Por que se enfurecem as nações: reflexões sobre fé e política em tempos de polarização”, Thomas Nelson Brasil, 2022; p.27).

“Primeiro seja, depois faça. Não venha me dizer que você está interessado em política se você não procura ter uma vida mais justa, reta e apaziguadora com todos que fazem parte de seus círculos mais próximos.” (Ibid. p.30).

“A política deveria começar com cada um de nós colocando de lado as espadas verbais que podemos ser tentados a brandir contra outros membros da igreja que votem diferentemente de nós. Qualquer impacto político que nossos irmãos na fé possam ter na igreja e por meio dela durará para sempre. É excelente a forma como meu pastor principal, Mark, coloca: ´Antes e depois dos Estados Unidos, houve e haverá a igreja. Nossa nação é um experimento. A igreja é uma certeza´.

Quando digo que devemos ser antes de fazer, quero dizer que a igreja local deve primeiramente se empenhar para viver a justiça, a retidão e o amor em unidade. Somente então ela pode recomendar seu entendimento de justiça, retidão e amor à nação.

(…) quero mudar nosso enfoque de redimir uma nação para viver como uma nação redimida. (…) Nossa vida no meio da congregação deve nos ensinar sobre a justiça e o amor que Deus deseja para toda a humanidade. Então, as lições que aprendemos dentro da igreja esclarecerão nossa ação pública fora dela.” (Ibid. p.31).

“Quero que o povo de Cristo siga a Cristo em todas as áreas da vida, inclusive quando desempenham as funções de eleitores, servidores públicos, lobistas, jornalistas, juristas e cidadãos.” (Ibid. p.35).

“Seu batismo declara que você foi sepultado e ressuscitado com Cristo, devendo representar a virtude, a justiça e o amor dele em todo lugar que for.

A postura política cristã, em poucas palavras, não deve jamais ser a de se abater. Nem a de prevalecer. Deve sempre ser a de representar, e devemos fazê-lo quer o mundo nos ame ou nos despreze. Qualquer um que lhe diga: ´Recue, estamos perdendo!´ ou ´Avance, estamos ganhando!´ provavelmente já sucumbiu a um tipo de utopismo, como se fosse possível construirmos um céu na terra. Em vez disso, o céu começa em nossos cultos, ainda que como um mero reflexo turvo. Os cristãos, são embaixadores do céu e nossas igrejas são suas embaixadas. Nem pânico nem triunfalismo nos caem bem – já uma alegre confiança sim. Representamos esse reino celestial futuro no tempo presente, esteja o horizonte nublado ou límpido.” (Ibid. p.36).